Recebemos de Deus o direito de usufruir e de explorar racional e responsavelmente os recursos da criação para a nossa sobrevivência, mas igualmente assumimos o compromisso e o dever moral, ético e social de preservar e de cultivar para o bem comum.
O catecismo da Igreja católica nos ensina que, explorar indevidamente ou destruir os recursos naturais, movidos por interesses de egoísmo e de ganância, cometemos pecado grave.
Se formos honestos, todos temos nossa parcela de responsabilidade pelo atual estado de degradação da qualidade de vida de nosso planeta Terra, como de seu aquecimento global. "A terra geme com dores de parto" (Rm 8,22).
Não há mais tempo a perder. A terra, na diversidade de sua vida e na riqueza de seus recursos naturais, dá sinais claros de enfermidade. Os sinais se fazem sentir em todas as direções, pelas catástrofes e pelo aquecimento global. Estamos colhendo os frutos amargos de nosso egoísmo irresponsável. Os profetas sempre nos advertiram que devemos saber ler e interpretar os sinais de Deus através dos fenômenos da natureza. Chegou a hora de refletirmos sobre a missão que Deus Pai nos delegou deste o início da criação, na pessoa de Adão e Eva, "ide contemplai e cultivai os bens da criação para o vosso sustento" (Gn 1,29s).
Diante do dever e do compromisso de zelarmos pela qualidade de vida, não podemos nos esquecer que nossa vida e a vida de toda a humanidade estão diretamente ligadas na preservação e conservação dos bens e recursos de nosso planeta Terra. São Francisco nos ensinou sobre o dever e o compromisso para com o bom uso da natureza e pela diversidade de toda vida da mãe terra. Os santos e místicos, como a Igreja, sempre disseram que a natureza é nossa primeira bíblia natural. Ela nos fala de Deus e nos revela a presença e a bondade de nosso Pai que está no Céu.
A contemplação e o cultivo responsável de todos os bens da criação é missão de todos. Não zelarmos por estes bens, como condição indispensável para uma sadia qualidade de vida, é irmos contra o plano de Deus para a humanidade. Por isto mesmo, a manipulação egoísta e indevida da natureza é pecado. A Igreja considera como pecado grave, porque fere o projeto de Deus sobre os recursos para o bem de todos, como nega também o dever de justiça para as futuras gerações.
Esta é uma verdade: Sempre que o ser humano em sua liberdade irresponsável se colocou fora do plano de Deus no uso indevido dos bens da criação, ele próprio se arruinou na relação consigo, em sua relação com a natureza, na relação de justiça e de fraternidade com o irmão e com o próprio Criador.
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