Caloca morava na casa mais bonita da nossa rua.
Os brinquedos que Caloca tinha vocês não podem imaginar! Até um trem ele ganhou do avô.
E tinha bicicleta, com farol e buzina, e tinha tendas de índio, carrinhos de todos os tamanhos e uma bola de futebol, de verdade. Caloca só não tinha amigos. Porque ele brigava com todo mundo. Não deixava ninguém brincar com os brinquedos dele. Mas o futebol ele tinha que jogar com a gente, porque futebol não se pode jogar sozinho.
O nosso time estava cheio de amigos. O que nós tínhamos era bola de futebol. Só bola de meia, mas não é a mesma coisa.
Bom mesmo é a bola de couro como a do Caloca. Mas toda vez que a gente ia jogar com Caloca, acontecia à mesma coisa. Era só o juiz marcar qualquer falta do Caloca que ele gritava logo:
_ Assim eu não jogo mais! Dá aqui a minha bola!
_ Ah, Caloca, não vá embora, tenha espírito esportivo, jogo é jogo...
_ Espírito esportivo, nada! – berrava Caloca. – E não me chame de Caloca, meu nome é Carlos Alberto!
E, assim, Carlos Alberto acabava com tudo que era jogo.
Ruth Rocha

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