Céu era um azul só, e tudo brilhava
dourado por causa do Sol. Lívia caminhava pelo parque da cidade, que ficava no
alto de uma montanha. O cheiro de mato da cidade onde morava a sua avó era bem
diferente do cheiro da cidade grande, onde a menina morava. Tudo parecia lindo.
O vento como uma mão suave, acariciava o seus cabelos, e essa sensação dava a
Lívia uma paz imensa. Como era bom respirar aquele ar purinho! Ela fechou seus
olhos por um instante e respirou bem fundo.
Entretanto, o som de uma tosse seca e
insistente tirou a garota de seus pensamentos. Ele vinha de um banco do parque e
era tão forte e repetitivo que Lívia se virou de uma só vez pra ver o que
estava acontecendo. Ela viu uma cena inacreditável: um menino que parecia ser
feito de fumaça estava sentado no banco e tossia muito forte. De sua boca saía
fumaça escura e densa.
_ Quem é você? Ou melhor o que é
você? _ perguntou Lívia muito curiosa.
_ Meu nome é Kuuki, que significa “AR” no idioma japonês. Sou o ar da
Terra, o vento que acariciou seus cabelos há pouco.
_ Então, você não é uma pessoa? É assim
como um fantasma?
_ Mais ou menos. Cof, cof, cof! _ Ai!
Eu não aguento mais essa tosse!
_ Você está doente? Por que você
tosse tanto? _ Interrogou a garota.
_ Lívia, parei aqui para descansar, nem
consigo mais respirar direito. _ respondeu Kuuki.
_ Que estranho! Você sabe meu nome? Como pode
isso?
_ Como pode então uma menina falar com o ar? _
Kuuki lhe respondeu.
Logo começou a rir, mas foi interrompido pela
tosse outra vez.
_ Sei
de muitas coisas, pois como sou o ar, posso estar em vários lugares do planeta,
estou doente, Lívia. Passei hoje pelas grandes cidades e fui absorvendo toda
essa fumaça. _ Explicava Kuuki, ainda se sentindo muito mal.
_ Mas por que você fez isso? Por que
você carrega toda essa fumaça toda?
_ Meu jeito de ser, Lívia. Estou doente
para que vocês, os humanos, não fiquem ainda mais doentes. Toda esta fumaça
escura e fedida que sai de mim iria para os pulmões das pessoas. É tanta
sujeira no ar que você pode até me ver. Por isso, minha tosse está assim, meio
acinzentada.
_ Que horror! Então você está precisando
de um médico. _ disse a garotinha, muito preocupada.
Kuuki tentou rir de novo, mas a tosse
mal o deixava falar.
_ Na verdade, preciso é da ajuda e da consciência
das pessoas. Médico nenhum poderá resolver meu problema.
Sabe,
Lívia, é tanta fábrica, tanta chaminé, tanto escapamento de carro, tanta poeira
que todos estão ficando muito doentes. E o pior é que tudo isso está matando as
florestas do9 mundo! As árvores me ajudam a acabar com a sujeira, mas sem elas
está ficando cada vez mais difícil... Já reparou que o céu de sua cidade não
consegue ser tão azul?
_ Ah! Por isso você está aqui! Minha avó
sempre dizia que o ar que respiramos nas cidades do interior costuma ser muito
bom para a saúde das pessoas...
_ É! Mas nem mesmo aqui as coisas
estão tão fáceis! Olhe lá para aquele vale. Consegue ver toda aquela fumaça?
_ Consigo! O que é aquilo? Uma fábrica?
Aqui?
_ Não. Cof, cof, cof! Aquilo é fumaça
de queimada. E isso é crime! Mas, mesmo assim, as pessoas insistem em queimar
as plantações para facilitar a colheita. O pior é que nem sabem que isso está
matando os animais, a própria Terra e produzindo mais e mais fumaça... Cof,
cof, cof! É muito triste.
_ Com tudo isso , o que podemos
fazer? Como posso ajudá-lo a se sentir melhor?
........
_ Lembre-se Lívia o Ar não pode ser
visto, mas é uma das coisas que permite a vida! Se continuar sujo, todos serão
prejudicados!
Ao dizer isso, Kuuki novamente
balançou os cabelos de Lívia, que agora entendia a importância de cada um de
nós fazer algo, ainda que seja uma atitude simples, mas importante para mudar o
rumo das coisas.
Fabio Gonçalves Ferreira