"O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."
( Rubem Alves )

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quarta-feira, agosto 15, 2012


A Casinha do Tatu

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     Ao ver que o Tatu estava construindo uma casinha muito simples ao lado de seu palacete, a raposa disse com jeito arrogante:
     _ Não quero casebre de pobre perto de meu palacete, que é digno de um rei, senhor Tatu. Vá dando o fora daí.
     _ Sinto muito dona raposa, mas eu comprei este terreno. E foi a senhora mesma que me vendeu, sabendo que eu era pobre. Paguei à custa de muito sacrifício. Trabalhei, trabalhei, a senhora sabe disso.
     _ Não sei e não quero saber. Eu o proíbo de continuar a construção.
     _ Ora, dona Raposa, deixe de ser maldosa. Esta é a minha propriedade. E é aqui que vou morar. A senhora não tem como me proibir.
     _ Ah, é? Pois então vamos ver. Vou falar com o rei Leão. Ele saberá o que fazer com o seu casebre, senhor Tatu _ disse a raposa, bufando e bateu a janela ao fechá-la.
     O Tatu, muito triste continuou trabalhando. E a raposa, de nariz empinado, pôs-se a caminho da casa do leão, que ficava no meio da floresta.
     O leão ouviu a queixa da raposa, ajeitou a coroa na cabeça, e disse calmamente:
     _ Hum... então a senhora Raposa está morando num palacete digno de um rei? Bem, bem... gostaria de conhecer seu palacete.
     E o leão foi até lá, visitou todos os cômodos, e por fim disse:
     _ A senhora Raposa tem toda a razão. Este palacete é de fato digno de um rei. E o rei sou eu. Assim sendo, é aqui que vou morar.
     A raposa desceu o focinho, enfiou o rabo entre as pernas e saiu.
     Sabe o que aconteceu com a raposa?
     Sem ter onde dormir naquela noite chuvosa, foi bater à porta do casebre do tatu!
     _ Tem aí um cantinho para mim, senhor Tatu? É só até amanhã.
     _ Como não, dona Raposa.
     Passado algum tempo, o tatu estava passeando na floresta, quando então parou diante de uma pequena casa, muito igual à sua.
     Sabe quem apareceu à porta?
     A raposa!
Elza Sallut

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